Se o nome deste post fosse EM BUSCA DA CASA PERFEITA, terminava já aqui, porque não há. Ou talvez haja, mas conciliar-se todos os factores inerentes a tal coisa tornam-na [quase] impossível.
Quando decidimos mudar de casa, ou somos quase obrigados a fazê-lo [vamos dizer que é a mesma coisa] com poucos dias para procurar, escolher, ver, escolher, pensar, decidir, reservar, efectuar a mudança, torna-se uma tarefa digna de cronometragem para quiçá ingressar no livro dos recordes.
Encontra-se tudo um pouco nos placards onde estão afixados os anúncios e, desde logo, é necessário ter alguns critérios de selecção. Os meus preferidos são aqueles escritos com letra da primária, difícil de decifrar à qual atribuímos uma pessoa idosa como senhorio. Normalmente não me engano e sei à partida que a conversa telefónica vai ser muito interessante [quase tanto como se fosse ao psicólogo falar de mim].
Conversa 1:
Ligo e MOOOOOOOOCHE toma-te o velho é moche e a mim dá-me muito jeito.
Atende, afinal é uma velha, pela voz diria a rondar os 80 e picos, está com uma respiração muito agitada e das duas uma, ou estava a fazer o amor com o vizinho da frente ou tinha o telemóvel na outra ponta da casa e foi a correr.
Eu - Boa tarde, estou a ligar pelo anúncio do quarto. Ainda está disponível? [isto é igual em todas as conversas]
Ela - Sim está [respira, respira].
Eu - Podia dar-me mais informações sff...
Ela - Pois mas a casa fica um bocadinho longe das universidades [respira, respira].
Eu [que não tinha dito que era estudante] - mas não faz diferença.
Ela - mas não é estudante? trabalha?[respira, respira].
Eu - não [achei que dizer isto daria mais seriedade à cena, mas afinal enganei-me] e sim.
Ela - então e trabalha onde? é de onde? e os seus pais fazem o quê? costuma chegar a que horas a casa? tem namorado?[respira, respira].
Eu - [respira, respira] olhe muito obrigada, já reuni todas as informações que precisava. Boa tarde.
A isto é o que se chama perda de tempo e, de alguma paciência também.
Depois há os anúncios que oferecem 2 QUARTOS A MENINAS, que mais parece que procuram putas [termo que cá para estas zonas é semelhante].
Por outro lado é muito chato quando o tudo parece correr bem, a pessoa foi simpática ao telefone, a casa parece porreira, preço interessante e tal. Depois chegamos lá e afinal o que nos estão a mostrar é uma pocilga de porcos.
É preciso ter sorte no que se encontra. Será que eu tive sorte?