19.2.10

 

Finalmente encontrei-os. Acho que nunca tinha sentido tanto a sua falta, nem tinha ainda percebido o quanto me fazem feliz. E sem eles não vejo o mundo como deve ser. Que parvoíce para quem está só a falar dos óculos de ver.

 

A culpa disto tudo é da minha infância, porque quando aqui a criatura era pequena, queria muito usar óculos. Era tão divertido ver as pessoas com aquilo. Mas também foi um problema que se resolveu com relativa facilidade.

 

Às escondidas comecei a usar as lunetas com fundo de garrafa da minha avó. Quando as punha o chão era só montanhas e grandes buracões, onde tinha que andar colada às paredes, senão era queda certa. Era tão estúpida. Porque é que as crianças pensam sempre ao contrário e uns quantos anos mais tarde se arrependem sempre? Faz-me lembrar a velha história: "Oh mãe quero passar a ferro!", "Não filha, que tu só tens 4 anos e podes queimar-te com o ferro. Mas não te preocupes, que quando fores grande hás de ter que passar a roupa e não quereres". Bem dito, bem feito.

 

Voltando à outra questão. Quando entrei para a primária comecei a dizer que não via bem, e que os olhos ardiam, e mais não sei quantas coisas inventadas. Lá os Pápis levaram a criança ao oftalmologista. Conclusão: "A sua filha tem os olhos de perfeita saúde, tá tudo bem"! Fiquei tão lixada que estava capaz de lhe mandar as canetas direitinhas ao chão (sim, que nessa altura não tinha força para atirar com cadeiras, ou partir vidros e muito menos para lhe cuspir para a cara). Nos anos que se seguiram, lá tentei inventar mais trinta por uma linha.

 

Um dia, fez-se luz:

- Oh mãe, dói-me tanto a cabeça quando vejo televisão...

- Então e a ler? Não te dói também?

(Ainda não tinha pensado nisso)

- Sim sim, dói, e às vezes não consigo ler bem...

- Se calhar temos de ir ao oftalmologista...

(feita sonsa)

- Oh já lá fomos uma vez e ele disse que não tinha nada.

 

Ora mas dessa vez foi diferente. Porque quando ele me perguntava as letras eu trocava-as todas. Até aquelas que até quase que um cego as vê, eu não as acertava. Conclusão: falta de vista. Era tão certo como moscas em tempo de feira.

 

Andei feliz da vida, até que comecei a não achar graça nenhuma àquilo. Tantos anos de trabalho para nada. Depois deixei de usá-los o dia todo e só servem para ler, ver TV, trabalhar no PC, essas coisas às quais sem eles não é bem a mesma coisa. 

 

E agora, graças à senhora que vem cá limpar a casa e resolveu arrumar as coisas onde ELA queria, enfiou-me os óculos no fundo de uma gaveta, como se fosse um par de peúgas rotas que nunca mais vou usar...

 

Mas ficou tudo resolvido e já vejo tudo outra vez =) 

link do post Pra lá das 5, às 18:03  ver comentários (2) comentar

 
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